A busca por um corpo ideal nunca esteve tão visível. No entanto, nos bastidores dessa cultura da performance, cresce o número de pessoas que travam uma luta silenciosa com a comida e o espelho.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 70 milhões de pessoas no mundo enfrentam distúrbios alimentares. Só no Brasil, o número ultrapassa os 9 milhões de casos, o equivalente a 4,7% da população, de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria. Ou seja, o problema é sério — e muitas vezes invisível.
O que são distúrbios alimentares?
São transtornos mentais caracterizados por padrões alimentares disfuncionais e por uma percepção distorcida do corpo. Entre os principais, estão:
- Anorexia nervosa: recusa em manter um peso saudável, com medo intenso de engordar.
- Bulimia nervosa: episódios de compulsão seguidos de comportamentos compensatórios (vômitos, jejum, uso de laxantes).
- Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP): episódios frequentes de ingestão exagerada de alimentos, geralmente seguidos por culpa e sofrimento.
- Vigorexia: obsessão por um corpo extremamente musculoso, comum entre praticantes de exercícios e influenciada por estereótipos digitais.
- Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE): aversão intensa a certos alimentos, por textura, cheiro ou desconfortos associados.
- Hipergafia: compulsão alimentar associada a traumas emocionais.
O peso da pressão social
A influência da cultura da magreza, os filtros digitais e a comparação constante nas redes sociais reforçam padrões inatingíveis. Como resultado, a insatisfação corporal se intensifica. A autoestima abalada, somada a dietas extremas ou treinos exaustivos, pode abrir caminho para o adoecimento.
O que pode acionar um distúrbio?
Entre os principais gatilhos, estão:
- Maus hábitos alimentares e histórico de dietas restritivas;
- Traumas relacionados ao corpo ou à alimentação;
- Baixa autoestima e distorção da imagem corporal;
- Questões hormonais, emocionais e familiares;
- Influência de padrões sociais irreais.
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É possível tratar – e você não está sozinho
Distúrbios alimentares precisam de acompanhamento especializado. Por isso, psicólogos, psiquiatras, nutricionistas e médicos atuam juntos na recuperação da saúde física e emocional.
Algumas estratégias eficazes incluem:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): ajuda a reestruturar pensamentos e comportamentos disfuncionais.
- Envolvimento da família: essencial para oferecer apoio emocional e reforçar hábitos saudáveis.
- Atenção à rede pública de saúde: o SUS, CAPS e CRAS oferecem suporte gratuito com equipes multidisciplinares para casos mais complexos.
Apoio no ambiente de trabalho
Empresas que contam com programas estruturados de saúde mental, como o Programa de Apoio ao Empregado (EAP) da CARE, podem oferecer acolhimento breve e orientação psicológica focal para quem enfrenta esses desafios. Embora não substitua o tratamento clínico, o EAP é um ponto de apoio importante para escuta inicial e encaminhamento responsável.
Comece com um passo gentil
Evite reforçar padrões estéticos em conversas. Em vez disso, incentive uma abordagem mais respeitosa e inclusiva sobre corpos e saúde. Questione conteúdos que promovem metas corporais irreais. Acima de tudo, ofereça escuta e acolhimento.
A recuperação começa quando a dor encontra espaço para ser falada.
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