Com o passar dos anos, é natural que a presença de indivíduos da Geração Z no trabalho aumente e, pouco a pouco, se torne predominante na maioria dos ambientes corporativos.
Esse grupo, nascido aproximadamente entre 1995 e 2010, é o primeiro a crescer com acesso constante à tecnologia e às redes sociais. Isso, naturalmente, molda profundamente suas interações sociais, comportamentos e expectativas em qualquer emprego, o que gera tanto aspectos positivos quanto negativos.
Portanto, entender esses desafios e implementar práticas de bem-estar integral não é apenas uma necessidade pessoal, mas uma exigência para manter um espaço de trabalho produtivo e saudável.
Os desafios perante a inserção da geração Z no mercado de trabalho
A Geração Z é composta por nativos digitais que dominam a tecnologia, adaptando-se rapidamente a ferramentas tecnológicas e recursos de interação social no ambiente digital. Além disso, eles têm uma forte consciência social e objetivos que podem divergir de outros grupos etários.
Entre outros aspectos, os indivíduos nascidos a partir de meados da década de 90 valorizam mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e ambientes com menos hierarquia. Gestores que ignoram essas questões costumam enfrentar uma equipe desmotivada e insatisfeita, por exemplo.
Ou seja, falhar no atendimento dessas expectativas pode fazer com que o negócio enfrente alta rotatividade e baixa retenção de talentos.
O que a Geração Z efetivamente busca
Entre os componentes preponderantes para uma boa avaliação de um ambiente de trabalho por parte desses indivíduos estão:
- Valorização da inclusão e da igualdade, optando sempre por empresas que procuram criar ambientes de trabalho que promovam diversidade e aceitação.
- Percepção de propósito e preocupações ambientais, uma vez que eles preferem trabalhar em negócios que demonstrem um compromisso claro com o meio ambiente.
- Baixa tolerância a ambientes tóxicos, com um afastamento de esquemas com práticas rígidas ou abusivas e busca pelo apoio de líderes empáticos.
Por outro lado, diante de determinadas circunstâncias, a ansiedade e a pressão por resultados podem colocar os recém-chegados à vida adulta frente a frente com um medo constante de falhar.
Ademais, o excesso de informação diante do contato constante com os canais digitais pode contribuir para um maior nível de sobrecarga e para patamares mais elevados de estresse.
Os desafios para a saúde mental da Geração Z no trabalho
A partir dessas demandas, os dados disponíveis vão mostrando que tal forma de encarar o mundo, associada a um contexto de várias incertezas, faz com que a preocupação com o adoecimento psíquico seja uma questão adicional entre indivíduos nesse recorte de idade.
A consultoria McKinsey realizou em 2022 um levantamento por meio de entrevistas online com mais de 40 mil indivíduos em 26 países distribuídos em cinco continentes. O estudo mostrou que, entre os pertencentes à Geração Z, o número de queixas sobre a própria saúde mental é maior.
Assim, 18% de todos os que responderam ao questionário nessa fase da vida alegaram que essa dimensão do bem-estar estava em um nível ruim ou muito ruim. Entre os babies boomers (nascidos depois da Segunda Guerra Mundial), esse percentual foi de 6%.
O mesmo relatório aponta que as gerações mais velhas parecem apresentar menos problemas psicológicos relacionados à conectividade constante e ao uso de redes sociais.
Adicionalmente, em levantamento anterior da mesma consultoria, jovens apresentaram maior grau de adoecimento psíquico. Entre os que responderam a uma pesquisa sobre o tema, 24% dos integrantes da Geração Z informaram diagnóstico com uma condição do tipo.
O número era menor nas demais gerações, com os babies boomers registrando apenas 8% de indivíduos com algum diagnóstico do gênero.
Isso não quer dizer que a Geração Z seja mais aberta a procurar ajuda. Os dados também sustentam que eles têm entre 1,6 e 1,8 vezes menor chance de buscar atendimento especializado que as demais faixas etárias.
Como gestores podem fazer a diferença nesse cenário
Diante de tudo isso, é preciso agir para atender às expectativas desses indivíduos, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo, flexível e focado no oferecimento de oportunidades de aprimoramento.
- Promoção de locais de trabalho seguros e confortáveis
É fundamental criar um ambiente corporativo onde pessoas de todas as idades possam expressar suas ideias, sugestões e queixas sem medo de punições. Tal ação é indispensável para melhorar a colaboração e reduzir a ansiedade em torno do que cada um pensa a respeito do trabalho desenvolvido.
- Incentivos à vida offline
A “fadiga digital” afeta significativamente essa geração. Portanto, devem ser criados incentivos para pausas regulares durante a jornada e a desconexão do mundo online após o expediente. Uma pequena redução no contato com as telas pode contribuir para o bem-estar e ampliar a produtividade.
- Oferecimento de programas de suporte à saúde mental
Mecanismos de apoio psicológico são indispensáveis para a retenção de talentos da Geração Z. Proporcionar esse tipo de suporte demonstra um cuidado além do trabalho e contribui para ganhos significativos na saúde como um todo.
- Desenvolvimento de lideranças empáticas
A Geração Z anseia por líderes que pratiquem uma escuta ativa e a empatia, independentemente do segmento de atuação da empresa. Logo, treinamentos para gestores podem ajudar a promover uma cultura mais humanizada, reduzindo o distanciamento provocado pela distribuição da hierarquia.
- Garantia de flexibilidade e propósito
Para a Geração Z, a flexibilidade de horários e o trabalho remoto são mais do que benefícios — são prioridades. Além disso, essa geração quer se engajar com empresas que têm um propósito claro e impactam positivamente o mundo. Desse modo, tais aspectos devem ser incorporados de maneira genuína por negócios que buscam atrair esses profissionais.
- Incentivo à inovação
A Geração Z tem uma mentalidade inovadora e está sempre em busca de soluções criativas. Eles trazem novas perspectivas e esperam que as empresas estejam abertas a suas ideias. Assim, criar espaço para acolher tal inventividade ajuda na retenção desses jovens talentos.
Em suma, a inclusão da Geração Z no trabalho traz novos desafios e oportunidades ao mercado de trabalho. Em paralelo, seu bem-estar deve ser prioridade nas empresas, não apenas para evitar crises, mas para promover ambientes mais produtivos, inclusivos e criativos, com ganhos para todos os atores envolvidos.
Este artigo foi preparado com dedicação pela CARE Global Partners.
Referências
Abordando os desafios de saúde comportamental sem precedentes enfrentados pela Geração Z https://www.mckinsey.com/industries/healthcare/our-insights/addressing-the-unprecedented-behavioral-health-challenges-facing-generation-z/pt-BR
Gen Z mental health: The impact of tech and social media
https://www.mckinsey.com/mhi/our-insights/gen-z-mental-health-the-impact-of-tech-and-social-media#
Geração Z no mercado de trabalho: como esse grupo está transformando carreiras e empresas
https://blogs.pucpr.br/criando-o-futuro/2024/07/18/geracao-z-no-mercado-de-trabalho-como-esse-grupo-esta-transformando-carreiras-e-empresas/