A adolescência sempre foi uma fase desafiadora para pais, cuidadores e educadores. No entanto, com o avanço das redes sociais e fóruns digitais, esse período se tornou ainda mais delicado. A série Adolescência, da Netflix, que recentemente figurou entre as mais assistidas da plataforma, oferece uma visão sensível sobre esse momento de transformação. Ela ressalta os dilemas emocionais, sociais e psicológicos enfrentados por jovens, além de destacar a importância de um olhar atento e acolhedor.
Mais do que nunca, é essencial compreender os riscos atuais da adolescência, especialmente aqueles relacionados ao universo da chamada machosfera — um espaço digital onde discursos de ódio e desinformação sobre masculinidade têm ganhado popularidade entre meninos e adolescentes.
O que é a machosfera e por que ela atrai adolescentes?
A machosfera é formada por comunidades online que, sob a aparência de discutir questões masculinas, frequentemente propagam conteúdos misóginos, conspiratórios e até extremistas. Ela se divide em nichos variados: desde grupos que expressam ressentimento contra mulheres até fóruns que pregam uma visão autoritária do mundo.
O principal problema? Esses espaços oferecem aos adolescentes uma falsa sensação de pertencimento e fortalecimento. Sob o disfarce de autoaperfeiçoamento, escondem uma perigosa cultura de exclusão e ódio.
Termos comuns da machosfera: o que significam?
Para reconhecer se um jovem está sendo influenciado por essa cultura, é fundamental conhecer o vocabulário utilizado nesses espaços digitais:
- Incel (involuntariamente celibatário): Homens que culpam mulheres por não conseguirem relacionamentos, frequentemente com discursos de ódio.
- Red Pill (pílula vermelha): Refere-se ao suposto “despertar” de homens para a ideia de que são vítimas de um sistema feminista opressor.
- Black Pill (pílula preta): Uma versão mais pessimista e radical do Red Pill, que pode incentivar comportamentos violentos ou fatalistas.
- Masculinismo: Movimento que se apresenta como oposição ao feminismo, mas que, em muitos casos, promove ideias conservadoras e antifeministas.
Como promover um olhar crítico e saudável?
Prevenir é sempre melhor do que remediar. Veja como fortalecer o senso crítico dos adolescentes:
- Crie um ambiente de diálogo aberto: Evite julgamentos e esteja disposto a ouvir, mesmo que as opiniões sejam desconfortáveis.
- Estimule o pensamento crítico: Incentive reflexões sobre as informações consumidas e promova a leitura de conteúdos diversos sobre masculinidade.
- Apresente modelos positivos: Mostre que é possível ser homem com empatia, responsabilidade e respeito.
- Acompanhe o uso da internet com equilíbrio: Estar presente no mundo digital dos jovens não significa vigilância extrema, mas sim presença consciente.
Dicas práticas para pais e cuidadores
- Pratique a escuta ativa: Antes de reagir, escute com atenção. Isso constrói confiança e fortalece o vínculo.
- Evite discursos autoritários: A imposição pode gerar resistência. Prefira diálogos baseados em argumentos e acolhimento.
- Apresente novas referências: Existem influenciadores e autores que falam sobre masculinidade de forma inclusiva e moderna.
- Esteja atento ao isolamento: Recolhimento social pode ser sinal de que algo está errado.
- Busque ajuda profissional: Psicólogos podem oferecer suporte individualizado e auxiliar na construção da identidade emocional e social do adolescente.
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Fomentar masculinidades plurais é papel de todos
Falar sobre masculinidade não deve ser tabu. Pelo contrário, abrir espaço para discussões saudáveis ajuda meninos e jovens a desenvolverem uma identidade livre de estereótipos tóxicos. Promover masculinidades plurais, empáticas e responsáveis é essencial para uma sociedade mais justa e acolhedora.
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