No dia 27 de julho de 2025, em Natal (RN), Juliana Garcia dos Santos Soares, de 35 anos, sofreu uma tentativa de feminicídio brutal. Naquele dia, dentro do elevador, o ex-companheiro de Juliana, Igor Eduardo Pereira Cabral, a agrediu brutalmente com 61 socos.
O caso chamou atenção nacional não só pela brutalidade, mas também por sua proximidade com o início da campanha Agosto Lilás e o aniversário da Lei Maria da Penha, que completa 19 anos. No entanto, a violência contra a mulher não é uma exceção. Infelizmente, é parte do cotidiano de muitas brasileiras.
Por isso, neste artigo, trazemos dados atualizados, caminhos para acolhimento e o papel que todos – inclusive empresas – podem desempenhar no combate à violência doméstica.
Dados sobre a violência contra a mulher no Brasil em 2024
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho, o Brasil registrou 1.492 feminicídios apenas em 2024 , o maior número desde o início da série histórica, em 2015. Em média, quatro mulheres morrem por dia no Brasil em razão da violência de gênero. Um número que segue alarmante ano após ano.
Além disso:
- 63,6% das vítimas eram mulheres negras;
- 70,5% tinham entre 18 e 44 anos;
- 80% dos crimes foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros.
A violência contra a mulher acontece, majoritariamente, dentro de casa. Os dados mostram que 64% dos casos ocorreram no ambiente doméstico.
Em relação às tentativas de feminicídio, como no caso de Juliana, foram 3.870 registros em 2023, um aumento de 19% em relação ao ano anterior. As agressões contra mulheres também cresceram, totalizando mais de 257 mil casos no último ano.
Por que precisamos falar sobre violência contra a mulher nas empresas
A violência contra a mulher, embora muitas vezes silenciosa, impacta diretamente a saúde emocional, a produtividade e a qualidade de vida de muitas colaboradoras. Por isso, é essencial que o ambiente de trabalho seja também um espaço seguro e acolhedor.
Mesmo sem invadir a privacidade das vítimas, empresas podem, e devem, atuar na prevenção e no acolhimento. Algumas ações eficazes incluem:
- Criação de canais internos de ouvidoria, denúncia, escuta e acolhimento;
- Oferta de suporte psicológico e jurídico, como por meio de Programas de Apoio ao Empregado;
- Rodas de conversa e palestras educativas sobre relações saudáveis e equidade de gênero;
- Capacitação de lideranças para reconhecer sinais de alerta e agir com empatia e discrição.
Essas iniciativas são silenciosas, mas eficazes. Contribuem para salvar vidas e construir uma cultura organizacional mais humana e justa.
Como denunciar casos de violência contra a mulher
Qualquer pessoa pode ser parte ativa na quebra desse ciclo. Se você é vítima ou testemunha de violência contra a mulher, procure ajuda. Os canais oficiais são gratuitos, sigilosos e funcionam 24 horas por dia:
- Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher (telefone e WhatsApp: 61 9610-0180).
- Disque 190 – Polícia Militar (em casos de emergência).
- WhatsApp do Ministério da Mulher – (61) 99656-5008.
Esses canais também orientam sobre os serviços de acolhimento disponíveis, como a Casa da Mulher Brasileira, delegacias especializadas, centros de referência e defensorias públicas.
Violência contra a mulher: falar é um ato de responsabilidade social
Como o crime foi captado por uma câmera de segurança, o caso de Juliana rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais. Mas a maior parte da violência contra a mulher no Brasil continua invisível. Por isso, o compromisso de enfrentar essa realidade deve ser coletivo e contínuo.
No mês do Agosto Lilás, temos a oportunidade de fortalecer esse diálogo. Porém, é essencial que essa escuta siga ativa o ano inteiro: em casa, no trabalho, nas políticas públicas e na rotina.
Falar sobre violência contra a mulher com responsabilidade e acolhimento é um passo fundamental para a transformação social. E isso começa com informação, empatia e atitude.
Este artigo foi desenvolvido pela equipe da TELUS Health powered by CARE com o propósito de ampliar o diálogo, estimular atitudes responsáveis e apoiar mulheres em situação de vulnerabilidade.