As crianças estão crescendo com menos primos. Essa constatação vai além de uma simples curiosidade e revela mudanças profundas na estrutura familiar contemporânea. Segundo um estudo publicado em 2023 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), a redução no número de primos ao redor do mundo está diretamente relacionada à queda nas taxas de natalidade e ao encolhimento das famílias nucleares.
Menos filhos, menos irmãos, menos primos
De acordo com os pesquisadores, essa tendência é resultado direto da transição demográfica global. Em diversos países, as famílias passaram a ter menos filhos. Como consequência, os irmãos desses pais — ou seja, os tios e tias das crianças — também têm menos filhos. O efeito em cascata é claro: as crianças estão crescendo com menos primos.
Além disso, a urbanização, o custo de vida e as escolhas pessoais influenciam diretamente o desejo e a possibilidade de ter uma família numerosa. Embora isso represente avanços em liberdade de escolha e planejamento familiar, também levanta questões sobre os impactos sociais e emocionais dessa nova realidade.
O que muda quando há menos primos?
As crianças estão crescendo com menos primos — e, com isso, perdem uma rede de socialização que sempre foi importante. Os primos são, muitas vezes, os primeiros amigos da infância. Eles representam vínculos afetivos que combinam a intimidade da família com a liberdade das amizades. Quando esses laços são menos presentes, as crianças podem experimentar um crescimento mais solitário, dependendo ainda mais dos pais para atividades de lazer, cuidado e companhia.
Além disso, em algumas culturas, os primos ainda são parte fundamental do apoio familiar em momentos de crise, como doenças, separações ou perdas. Ter menos primos significa, muitas vezes, ter uma rede de apoio menor.
O que os especialistas dizem
O estudo da PNAS analisou dados de 185 países e mostra que a diminuição do número de primos afeta todos os continentes, inclusive o Brasil. A antropóloga Christina Bohk-Ewald, uma das autoras do estudo, destaca que, no futuro, as famílias se tornarão mais “verticais” — ou seja, com mais gerações coexistindo (avós, pais e filhos), porém com menos laços colaterais (como primos, tios e tias).
De fato, outras pesquisas também mostram que a solidão está se tornando uma questão crescente entre crianças e adolescentes. Um levantamento da Universidade de Harvard, por exemplo, aponta que relações significativas na infância ajudam a desenvolver empatia, habilidades sociais e bem-estar emocional.
Como lidar com essa nova realidade?
As crianças estão crescendo com menos primos, mas isso não significa que crescerão isoladas. É possível e necessário fortalecer outros tipos de vínculos. Incentivar amizades, participar de atividades comunitárias, conviver com vizinhos e construir laços afetivos fora do núcleo familiar são formas de preencher essa lacuna.
Além disso, vale refletir sobre a importância do tempo de qualidade entre os membros da família, mesmo que a rede seja menor. O que importa não é o número de laços, mas a profundidade e o cuidado com que eles são cultivados.
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Conclusão
As crianças estão crescendo com menos primos, e isso revela muito sobre as mudanças nas estruturas familiares. Embora essa tendência traga desafios, ela também abre espaço para criarmos novas formas de conexão e apoio. No editorial Minha Família, valorizamos reflexões como essa porque acreditamos que compreender a dinâmica familiar atual é essencial para cuidar melhor uns dos outros.
Se você quiser conversar mais sobre os impactos das mudanças familiares na infância ou tiver dúvidas sobre como fortalecer laços afetivos, os profissionais do Programa de Apoio ao Empregado da CARE estão à disposição para ajudar. Afinal, lidar com as transformações da vida familiar pode ser mais leve com acolhimento e orientação.
A equipe da CARE by TELUS Health preparou este conteúdo com carinho, porque cuidar do seu bem-estar e de quem você ama está sempre entre as nossas prioridades.