Abril é um mês crucial para ampliar a conscientização e o debate acerca da inclusão de pessoas neurodivergentes em toda a sociedade.
Campanhas como o Abril Azul reforçam a importância de entender as características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras neurodiversidades para adaptar e facilitar a socialização.
E, por ser um tema que ganhou mais relevância nos últimos anos, constatou-se ainda a falta de um diagnóstico correto em muitos grupos de pessoas que já se encontram na vida adulta e os impactos e desafios diários que elas enfrentam, especialmente no mercado de trabalho.
O que são pessoas neurodivergentes?
De acordo com a Universidade de Medicina de Harvard, o conceito original de neurodiversidade referia-se à diversidade neurológica, ou seja, a maneira como as pessoas vivenciavam e interagiam com mundo ao seu redor, cada um da sua forma.
Atualmente, o termo se relaciona com pessoas que apresentam um funcionamento neurológico ou desenvolvimento cognitivo diferente do que é o considerado típico, envolvendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Dislexia, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e outras condições neurológicas. Assim, as percepções sociais e comportamentos podem variar.
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O diagnóstico tardio e a vida profissional
Segundo o Conselho Regional de Psicologia do Paraná, o TEA, por exemplo, é um espectro amplo, o que faz com que cada indivíduo tenha características distintas ao longo da vida. Assim como o TDAH envolve uma série de sinais que precisam de avaliação clínica e vão muito além do que se fala de forma superficial em vídeos não oficiais da internet.
Dessa forma, muitas pessoas neurodivergentes passaram anos sentindo-se diferentes e tendo dificuldades sociais, sensoriais ou organizacionais não compreendidas. Porém, para se adaptarem, desenvolveram maneiras de driblar e mascarar esses sinais.
Mesmo que essas habilidades possam ter favorecido algumas situações no dia a dia, também muitas vezes atrasaram o diagnóstico correto, afetando principalmente a saúde mental, a autoestima, a socialização e a inclusão no ambiente de trabalho.
A descoberta do autismo e de outras neurodiversidades na vida adulta pode ser um momento de transformação já que é uma chave para o autoconhecimento e para a criação de estratégias que favorecem a qualidade de vida e o desempenho profissional.
Pessoas neurodivergentes podem brilhar em áreas que exigem pensamento analítico, criatividade e hiperfoco, o que é altamente valorizado no mercado quando bem-aproveitados. Por isso, o entendimento do diagnóstico permite adequações mais conscientes e eficazes, bem como um suporte para que a produtividade flua.
Desafios e oportunidades no ambiente profissional
O ambiente corporativo pode apresentar barreiras invisíveis para neurodivergentes, como dificuldades na comunicação interpessoal, sobrecarga sensorial ou a necessidade de rotinas estruturadas.
Mas, o maior desafio ainda está no preconceito, na desinformação e na falta de apoio. Inclusive, Projetos de Lei estão em andamento para ampliar a inclusão de pessoas com autismo no mercado de trabalho, por exemplo.
Para as empresas, o importante é entender que bastam pequenas adaptações e suporte adequado para transformar esse cenário. Algumas estratégias incluem:
- Ajustes no ambiente físico: iluminação, ruídos e espaços compartilhados podem impactar o desempenho e bem-estar de profissionais neurodivergentes. Assim, alinhar com cada um o que é possível ser ajustado pode fazer toda a diferença e solucionar a questão;
- Flexibilidade no formato de trabalho: modelos híbridos ou remotos podem proporcionar um ambiente mais confortável e produtivo;
- Treinamentos para equipes: promover a conscientização nas empresas reduz preconceitos e fortalece uma cultura organizacional mais inclusiva.
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Dicas para apoiar profissionais neurodivergentes
No dia a dia de trabalho, algumas práticas podem contribuir com o desempenho desses colaboradores e facilitar sua adaptação:
- Conheça cada profissional: busque compreender suas características e identifique áreas que podem precisar de adequações específicas;
- Foque em comunicação aberta: procure manter uma troca honesta sobre as possíveis necessidades e incentive um ambiente inclusivo;
- Faça a gestão de rotinas: alinhe métodos e rotinas que funcionam para ambos os lados e proporcione ferramentas de organização para auxiliar no cumprimento de tarefas;
- Promova desenvolvimento contínuo: invista em capacitações e treinamentos que podem ajudar a aprimorar habilidades e competências profissionais.
Vale lembrar que o impacto da neurodiversidade vai além do indivíduo. Por isso, a conscientização e a busca por mudanças devem ser contínuas. Empresas que investem em inclusão e compreensão da diversidade cognitiva criam ambientes mais produtivos, inovadores e respeitosos.
Como a CARE pode ajudar
Na CARE, acreditamos que o diagnóstico tardio de autismo e outras neurodiversidades não deve ser um obstáculo, mas sim um ponto de partida para o autoconhecimento e o crescimento profissional.
Nosso Programa de Apoio ao Empregado (EAP) oferece suporte especializado para ajudar na adaptação e desenvolvimento de um plano de ação. Além disso, disponibilizamos soluções de educação corporativa, auxiliando empresas a construírem ambientes mais inclusivos e conscientes.
Este artigo foi preparado com dedicação pela CARE Global Partners.
Fontes:
Câmara dos Deputados (Senado)
Universidade de Harvard
Jornal da USP
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
PUC Minas
Conselho Federal de Administração